Olá Carlos.
Acabei de reler a "Critica da Razão Pura" de Kant. Foi a primeira vez que o fiz após o comportamento quântico da matéria ter desperta a minha atenção. Se não soubesse que esta obra tinha sido publicada em 1871, juraria que ele a fez inspirado na teoria quântica.
Nesta Critica, a Matemática e a Lógica são afirmadas como ciências que desde os tempos da Grécia antiga, iniciaram um cominho seguro e onde as virtudes da Física são consideradas pois que já no século XVII iniciam um percurso idêntico e cuja obra “Principia Philosophiae Naturalis “ é sinónima de perfeição.
Isto é afirmado e reafirmado por Kant, ao longo de toda a vida deste filósofo e a “Critica da Razão Pura” é exactamente elaborada no sentido de conferir à Metafísica um idêntico rigor científico e indesmentível.
Do ponto de vista do enquadramento circunstancial do seu pensamento, de forma clara e pelo próprio referenciado, parte dos ensaios de Descartes, que inclui as relações algébricas de onde se inicia um percurso racionalista onde Leibniz e Wolf dão a forma a um sistema que não se diferencia do matemático nos seus princípios de identidade e contradição. Este percurso desagua finalmente no cepticismo de Hume, onde o sujeito é diminuído a simples agente de associações de representações sensíveis, onde surge pela primeira vez a noção de fenómeno como objecto formal do conhecimento.
E é exactamente aqui que se enquadra o pensamento de Kant, que culmina na sua critica da própria razão. Surge após o período dogmático de Wolf e o céptico de Hume.
Kant realiza a revolução corpenicana, ou seja, o conhecimento a priori do objecto é possível quando a intuição não é guiada pela natureza do objecto mas sim quando o objecto se guia pela faculdade da intuição humana.
E assim recolocamos as coisas no seu devido lugar de forma a finalmente ser possível verificar até que ponto, o que resta expor acerca da crítica à razão pura poderá ou não ser de utilidade para a compreensão do comportamento quântico da matéria.
Uma troca de impressões utilizando uma plataforma virtual através da qual não existe qualquer contacto entre os interlocutores, é responsável pelo aparecimento de padrões mentais que diferem em muito daqueles obtidos através da comunicação pessoal e que são responsáveis para o surgir de emoções que desencadeiam sentimentos que não seriam potenciados numa situação pessoal. Se estivesse-mos em contacto através de video conferencia, de certo nunca trocaríamos entre nós o mesmo tipo de impressões tanto na forma como no conteúdo, consequência de estados mentais diversos que proporcionariam a natural predisposição para a defesa intelectual, que é responsável de múltiplas más interpretações mesmo quando a mensagem é simples e aparentemente inconfundível.
Aquilo que pretendo sugerir é verificar SE as propostas de Kant na sua Critica da Razão Pura, e somente esta obra está em foco e nenhuma outra mais, PODEM ou NÃO ser tidas em conta, serem possíveis "apostas" num possível processo de verificação factual ou empírica no sentido de esclarecer qual das interpretações da para o comportamento quântico da matéria está correcta ou mesmo se nenhuma delas o está.
As perspectivas especulativas em nada interessam ao conhecimento factual com pretensões científicas de Kant. Aquilo que pretendeu demonstar são os limites do conhecimento humano e em termos metafísicos debruça-se nas questões que têm a ver com Deus, Liberdade e Imortalidade da Alma.
Um exemplo do comportamento quântico da matéria:
O locutor que comentou o resumo do jogo Porto-Benfica na época 2009/10 na RTP 1 disse que a bola não bate no braço mas sim na axila de Fábio Conterão para assinalar a injustiça da falta apontada. Estás a ver como o Kant tem razão? A coisa em si afinal difere em muito da forma como a sensibilidade individual entende o fenómeno. A mente deste senhor interpreta a coisa "bola" como sendo dotada de plasticidade suficiente para tocar os sovacos humanos sem que exista qualquer contacto com o braço e o corpo. Ou então a coisa "axila" é percepcionada neste cérebro com uma forma e dimensão completamente distinta do que é o senso comum. Seria interessante compreender a forma de certo peculiar como o corpo humano se apresenta na sua mente. Vês? E agora? Tens coragem para continuar a defender os teus dogmas?
Uma convicção pode ser uma certeza comprovada factualmente, cuja verdade é universal e incontestável, como também pode ser uma crença, um ponto de vista ou mesmo uma fé. Na minha razão, não concebo qualquer um dos significados, nem adopto a priori qualquer tipo de partido em relação à avaliação das coisas. O exemplo que é a evolução dos conhecimentos em todas as áreas das ciências, onde se inclui a física e a matemática, onde as verdades absolutas se tornaram relativas, necessitando de circunscrever um âmbito de assertividade assim me aconselham. Como tal é prudente, sistematicamente substituir a palavra convicção por sugestão, libertando assim a mente de qualquer tipo de submissão a uma verdade dogmática que sempre se demonstra circunstancial num espaço e num tempo.
Por falar em espaço e tempo, Kant sugere que são duas coisas que existem em dimensões diferentes. Enquanto o tempo é um sentido interno do sujeito, o espaço é um sentido externo. Espaço e tempo são noções que a sensibilidade humana possui a priori, ou seja, independentemente de qualquer experiência. (Isto vai aos poucos... quando deres por ela admites Kant como aquele que foi capaz de inteligir as propriedades quânticas da matéria sem sair do sofá).
Para te esclarecer acerca daquilo que conheço da Física Actual, na óptica do utilizador, claro, para além dessa teoria, tal como tu conheço muitas outras mais, que como sabes vão surgindo com a cadência que a matemática exige para a resolução das múltiplas perplexidades ou singularidades que vão sendo descobertas ao ritmo da evolução do conhecimento.
O meu convite vai no sentido de fazeres comigo o percurso que nos leva até aí, analisando as questões que nos vão surgindo de forma a verificar a utilidade OU NÃO da minha proposta.
O espaço e o tempo estão interligados numa teoria criada através da mente humana, resultante de uma vivência mental, ou seja fruto da experiência, ou seja a posteriori e cujos princípios por si mesmo são obtidos a priori, ou seja, sem que estes tenham sido objecto da aceitação universal mas sim adoptados de forma dogmática.
O resultado desta postura é a existência de inúmeras teorias e correntes de opinião, cada uma dotada das mais profundas convicções e exactamente com as mesmas legitimidades assertivas. Este percurso abre ainda caminho ao cepticismo resultante de uma enraizada confusão onde a verdade é pontapeada de um lado para o outro.
Tanto na época de Kant como hoje não é o tempo um sentido interno do sujeito? Não é o espaço um sentido externo do sujeito? Não são ambos e da mesma forma obtidos sem qualquer contributo da experiência, ou seja, não são ambos do domínio da razão pura, ou seja, independente de qualquer tipo de vivência mental?
A minhoca existe necessariamente, mas como uma coisa em si. Necessitava que tentasses transferir o foco da tua observação de ti mesmo para a minhoca. Se o fizeres entendes com mais simplicidade que a coisa "Minhoca" existe para além daquilo que os teus sentidos experimentam, ou seja, subtraindo daí toda a analise e toda a síntese que o teu entendimento opera.
Sei não ser necessário enumerar a quantidade de teorias da física que existem para tentar compreender a natureza das coisas. E essas teorias provêm de mecanismos cerebrais perfeitamente correlacionados com aqueles que os filósofos utilizam, ou seja, parte-se da filosofia da física para a física experimental. Já agora, o campo de Higgs tarda a ser confirmado, por exemplo e se não o for, do ponto de vista objectivo continuamos a não entender como é possível as partículas terem massa.
O que eu afirmo como evidência é que o tempo é um sentido interno do sujeito, ou seja, somente existe se o sujeito existe, ou seja, a noção de tempo é uma medida de um sentido interno do Homem e não de um sentido externo. Não vemos o tempo, não o ouvimos, não o cheiramos, não lhe podemos tocar... isto é óbvio?
A noção de espaço é um sentido externo, é percepcionado através dos sentidos externos, certo? E por fim não é necessário qualquer tipo de experiência, qualquer tipo de verificação analítica ou sintética que o entendimento forneça à razão para que deles tenhamos perfeita noção. Certo?
Com isto quero explicar, e de momento é simplesmente isto, que tanto tempo como espaço existem no sujeito independentemente de qualquer experiência, ou seja, existem a priori de qualquer experiência... de acordo?
A metafísica está para a vida como o carvão para a locomotiva. Enquanto o fogo o consome o filosofo gera energia.
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