quarta-feira, 12 de maio de 2010

O pensamento é irmão das orelhas

A vida dos seres unicelulares apresenta comportamentos que os diferenciam entre si consoante os estímulos que recebem do meio ambiente. Assim apesar da sua simplicidade aparente, são capazes de se tornarem únicos em termos de identidade consoante a forma como se comportam ao ponto de ser possível num determinado meio social identificar cada um destes seres pelo seu nome se proceder-mos a uma observação atenta e pormenorizada das suas actividades.

Claro que nenhum deles possui cérebro e muito menos mente, mas a interacção que existe com o meio ambiente repercute-se em termos de comportamento que identifica uma identidade própria que advém da simples capacidade de movimento que detêm.

No entanto, nos organismos dotados de cérebro, a maior parte das acções orgânicas ocorre sem que dependam da vontade dos mesmos. São acções desencadeadas de forma autónoma através de respostas que os neurónios desencadeiam consequentes de múltiplos tipos de estímulos.

Na medida que subimos no grau de complexidade do cérebro que caracterizam as várias espécies de vida, maior se vai tornando a complexidade da rede de informação constituída pelos neurónios, sem que tal signifique que tal condição implique como consequência a existência do fenómeno que denominamos mente.

A mente somente surge quando o cérebro passa a ter capacidade de conceber imagens cuja proveniência não advém dos seus sentidos externos mas sim de proveniência interna ou seja, quando o cérebro cria imagens que não advêm dos olhos, nem sons que advêm dos ouvidos, nem cheiros que advêm do olfacto mas sim daquilo que podemos designar pela sua capacidade de os criar subjectivamente através da imaginação.

A forma como estas imagens são concebidas e ordenadas não é mais do que o pensamento.

Assim, a capacidade de pensar não é nenhum atributo metafísico tal como era especulado no século XIX mas sim um sentido mais que o corpo humano possui através do qual, a inteligência pode experimentar e assim dar continuidade ao seu processo evolutivo.

Não é tão mais simples a vida quando compreendida através da razão? Assim como os raios da tempestade não é são fúria dos deuses, o nosso pensamento não é uma arma incontrolável e incognoscível nem com as propriedades ficcionistas com que infundadamente o descrevem.

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