Enquanto interpretarmos a vontade de poder no sentido de “desejo de dominar”, fazemo-la forçosamente depender de valores estabelecidos, como os únicos capazes de determinar quem deve ser reconhecido como o mais poderoso neste ou naquele caso, neste ou naquele conflito, nesta ou naquela acção/reacção.
A vontade de poder, é o princípio de todas as avaliações, o principio escondido para a criação de novos valores não reconhecidos. A vontade de poder, diz Nietzsche, não consiste em cobiçar nem sequer tomar, mas em criar e em dar. Nela a afirmação está primeiro, nela a negação não passa de uma consequência, como um acréscimo de prazer.
A característica das forças reactivas, pelo contrário, está em opor-se ao que elas não são, em limitar o outro. Nelas a negação está primeiro, é pela negação que atingem uma aparência de afirmação.
É simplesmente isto que acontece na vida. Onde vive o ateu, o que não tem a coragem e a força para afirmar, o que não cria e nega o que é erguido por aqueles que podem. O triunfo dos escravos poderá ser esmagado pela implosão do eterno retorno?
Esta trincheira a que alguns chamam de forma ilegítima ateísmo é ilusória. Que importa se existe ou não Deus para aquele que age? Esta questão só importa a quem vive submetido ao medo da morte e a fuga para a caverna da negação é a solução possivel.
Uma visão fantasmagórica de um niilismo anacrónico, velho e demente que encontra o elixir da imortalidade nas mentes humanas dos fracos. Mas aquilo que negam não passa de um tosco holograma que gravita em torno da sua própria morte.
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