terça-feira, 1 de junho de 2010

CRASH – David Cronenberg, 1996


Correspondência com Zé Alberto

Do ponto de vista estético, existem no Cinema sérias dificuldades em determinar o que é, quem é o autor da "obra de Arte", como também em verificar se este pode ser reconhecido como tal pois quando avaliado através de opiniões que definem "arte" como sendo uma manifestação de uma vontade individual induzida por aquilo que possa ser entendido como sendo a "alma", a "7ª arte" sendo um objecto cuja concepção é colectiva, onde a interversão de um grupo de indivíduos o transformam não na manifestação da vontade individual mas sim num produto resultante da acção determinada por uma multidão de vontades individuais que passam pelo argumentista, pelo realizador, pelos actores, pela fotografia, etc, etc, etc, torna-o refém da determinação da significância atribuída à palavra "arte" para que a sua aceitação no campo seja efectiva.

O mesmo já não se pode argumentar perante a "theorie" do Zé Alberto, estamos perante uma interessante situação onde é possível verificar como pode um objecto que para estar em conformidade com aquilo que é "arte", carece de defesa da legitimidade, dar origem à criação de um objecto de arte literária cuja legitimidade está acima das questões que envolvem o Cinema. Mesmo que o Cinema seja um produto da actividade cultural das sociedades, potencia como aqui está demonstrado, a criação de obras de arte cuja legitimidade como tal é naturalmente aceite de forma muito mais pacifica em termos de opinião. 

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